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MEMORIAL DESCRITIVO

O NASCIMENTO DOS IPÊS

O mundo estava em formação, num disco de acreação composto por materiais e substancias em altíssimas temperaturas e pressões, que se agregavam incessantemente de forma muito violenta, criando explosões inimagináveis. Para os grandes deuses, esse espetáculo dantesco, não passava de mero divertimento pirotécnico, em que eles se entretinham com as combinações e composições de quantidades dos elementos que viriam a se tornar o sol, os planetas, satélites e asteroides de um sistema solar que estava em sua gênese.


Nesse tempo remoto e muito conturbado, onde todas as coisas ainda estavam por se definir, e como era de se esperar, havia muita disputa entre os dementais, cada um procurando demonstrar sua importância e buscavam privilégios ante os grandes deuses, de acordo com seu valor, para o novo Planeta Madeira, que já ganhava os seus primeiros contornos e definição. Ao término desse processo de gênese, o deus dos deuses, CARBHONUS, o todo poderoso, chamou outros deuses e distribuiu tarefas complementares para que a obra de criação fosse complementada.


Atribuiu ao deus FAUNOS, que cuidasse do planeta, para que as pressões e temperaturas se mantivessem dentro dos limites aceitáveis, para o bom desenvolvimento da vida naquele planeta. E assim transcorreu no principio tudo como estava planejado, em seguida CARBHONUS encarregou à deusa GHAIA para que gerasse todas as vidas necessárias que deveriam habitar no planeta, e assim era de se esperar que fosse realizado o desejo do todo poderoso CARBHONUS, que lá de cima contemplava o andamento de sua obra e chamava os grandes deuses para também a contemplarem. Entrementes, no Planeta Madeira, FAUNOS encontrou-se com GHAIA e fazia esforços para conquista-la, mas era em vão, pois ela não correspondia com as intenções dele, mesmo que os dois fossem deuses, não tinham obrigações nesse sentido, então FAUNOS disse a GHAIA: - FAUNOS: Por acaso estais apaixonada por outro deus? - GHAIA, respondeu: No momento, não.


- FAUNOS: Porque não aceitas minhas insinuações?


- GHAIA: Não tenho tempo para agradar-te, estou ocupada em cumprir as ordens do grandioso CARBHONÜS e devo concentrar-me para criar os humanos.


- FAUNOS: O que são humanos?


- GHAIA: São seres semelhantes a nós, porém, mortais, que habitaram esse planeta, inicialmente como índios, depois desenvolveram outras culturas.


- FAUNOS: todos os deuses que estão na Terra estão muito ocupados em obedecer - - --- CARBHONÜS, inclusive tu, estou procurando alguma coisa para divertir-me e entregar-me aos prazeres.


- GHAIA: Espero que o grande CARBHONÜS esteja dormindo e não escute isso, pois tudo ele sabe e ai de ti se o ofenderes, deves estar louco, ou tentando impressionar-me!


- FAUNOS: Impressionar-te sim, quanto a CARBHONÜS, ele está muito ocupado em criar outros sistemas solares, mas voltando a esses humanos, poderei divertir-me com eles?


- GHAIA: Não creio, teus poderes são extremamente superiores aos dos humanos, que, aliás, não leram poderes algum, exceto a inteligência, nasceram e morreram como todas as formas de vida desse planeta, além do que CARBHONÜS não permitiria uma atitude como essa.


- FAUNOS: Que espécie infeliz! Procurarei então outra coisa mais interessante para ocupar-me, deixando GHAIA pensativa e preocupada. Cortando os pensamentos dela, FAUNOS ainda falou:


- GHAIA não te esqueças que o teu trabalho para ser bem feito, depende de mim, em manter as condições ideais desse planeta para suportar e estabelecer a vida, assim como CARBHONÜS te determinou. E tu não fazes sequer uma mínima demonstração de apreço pela minha divindade, muito pelo contrario, estais sempre a repudiar qualquer gesto meu em tua direção. 


A questão central era esse amor de FAUNOS por GHAIA que não era correspondido, entretanto com essa última declaração de FAUNOS, sobreveio um ar de ameaça velada a GHAIA, que a partir dali teria que tomar todos os cuidados com FAUNOS, pois facilmente o ressentimento poderia se estabelecer e provocar uma vingança por parte dele contra ela. Tentando ser conciliadora disse:


- GHAIA: Gosto muito de ti FAUNOS, e tudo que eu possa fazer para te ajudar, assim o farei para que o teu trabalho termine bem feito.


- FAUNOS: Não é dessa ajuda que espero de ti, sabes perfeitamente o que sinto por ti e não sou correspondido.


- GHAIA: Repito o que te falei anteriormente, no momento tenho que criar os humanos, pois o grande CARBHONÜS deseja apresentar sua obra aos grandes deuses brevemente e eu não posso atrasar-me em concluir esse trabalho, ver-te-ei mais tarde e sem esperar resposta, foi-se embora deixando FAUNOS sozinho remoendo-se em seus pensamentos.


Logo, o deus FAUNOS passou a acompanhar o trabalho da deusa GHAIA e ficou sabendo como seriam os humanos e do que estes precisavam para sobreviver e imaginando que a deusa GHAIA viria a implorar por ele e pelo seu amor, tratou de dificultar o estabelecimento da vida naquele planeta, uma vez que os humanos precisavam da flora e da fauna para sua subsistência, FAUNOS passou a fazer mudanças bruscas nas temperaturas e pressões, de tal forma que o trabalho da deusa GHAIA passou a encontrar condições intransponíveis para a sua conclusão. Todas as tentativas de sobrevivência eram infrutíferas, levando a deusa GHAIA à exasperação e não suportando mais aquela situação, resolveu:

Falarei com ele e foi ao seu encontro. 


- GHAIA: FAUNOS estais impedindo que eu conclua o meu trabalho!


- FAUNOS: Eu? Eu não. Estou divertindo-me ao contemplar a dança dos eletros e esperava outra atitude de tua parte, já que viestes até aqui.


- GHAIA: Não estou entendendo.


- FAUNOS: Não te faças de ingênua. Esperava que viesses mais amável, mais carinhosa e mais atenciosa.


- GHAIA: Se pensastes que me conquistarias com essa atitude, enganaste-te, não cederei aos teus impulsos, a tua arrogância, a tua soberba.


- FAUNOS: Não tens provas contra a minha divindade, de que me acusas? Se não concluis os teus trabalhos, é problema teu e o que é que tenho haver com isso? Recusava-se cinicamente a admitir a sua vil atitude de sabotar o trabalho

da deusa - GHAIA, por mais que essa se esforçasse em concluí-lo.


- GHAIA: É mentira! As condições do tempo muito irregulares não permitem que a vida se estabeleça, bem sabes disso. A discussão era acalorada e nada indicava que FAUNOS fosse modificar ou reconsiderar sua atitude. Por fim GHAIA disse a FAUNOS: Ou tu manténs as condições do tempo estável, ou mandarei uma mensagem ao grande deus CARBHONUS, que decidirá o que fazer.


Sua ira tornava-a ainda mais bela, os olhos faiscavam num tom esmeralda puro, suas faces ruborizadas davam um contraste todo especial e seus cabelos castanhos formavam um conjunto harmonioso belíssimo. 


- FAUNOS: Faças o que quiseres, não tenho o que quero e pouco me importa o que venha acontecer. Como ele controlava o tempo e a atmosfera terrestre estava subordinada também a ele, tudo que era enviado da Terra passava sob seu controle e foi isso o que aconteceu, quando a mensagem da deusa GHAIA passava pela atmosfera, que é composta pelo Semideus OXIGÊNIO e o Semideus NITROGÊNIO e outros gases, que por sua vez se compõem de átomos e elétrons, justamente estes, FAUNOS mudou suas localizações alterando a mensagem, que dizia a CARBHONUS das dificuldades provocadas pelas bruscas mudanças do tempo, prejudicando a conclusão dos trabalhos dela, então FAUNOS modificou para informar ao maior de todos os deuses que, os trabalhos de GHAIA haviam sido concluídos.


A mensagem chegou provocando júbilo no grande CARBHONUS que logo tratou de convidar os outros grandes deuses do seu convívio e ofereceu aos mesmos que se apresentassem junto com a grande comitiva chefiada pelo deus dos deuses, o próprio CARBHONUS, para que esses fossem adorados pelos humanos criados pela deusa GHAIA, conforme a sua determinação. E assim aconteceu, ao soar as trombetas, o céu se abriu em uma imensa passagem de luz para a Terra, juntamente com a grande comitiva do todo poderoso CARBHONUS.


Na Terra, o espetáculo era indescritível e de total surpresa, uma vez que ninguém fora avisado e para os deuses que trabalhavam cumprindo as determinações divinas, aquela visita parecia-lhes algo incomum, alguma coisa que eles não sabiam ao certo o que a atribuir.

O porta-voz de ARAXÁ anunciou: 


Apresentem-se para prestarem e renderem as devidas homenagens ao deus-dos-deuses, o venerável e inigualável CARBHONUS, para que vocês possam receber sua divina graça. O espanto não poderia ser maior, o próprio porta-voz não acreditava no que via, ao fixar bem os olhos na Terra, via claramente que não havia nada que fosse motivo para se contemplar naquele lugar, em vez de uma visão como as "Cataratas do Iguaçu", com toda a exuberância de vegetação, animais, água, índios, flores e tudo o mais que fosse digno de admiração, havia terra seca e esturricada, vulcões em erupção, lava corrente e gases, muitos gases tóxicos com fuligem e o pior, não havia tempo para retroceder a grande comitiva divina, mesmo ele que não tinha relação alguma com a situação, percebeu um frio intenso percorrer-lhe a espinha dorsal, não conseguia imaginar a reação do grande CARBHONUS, mesmo diante de seus convidados.


As trombetas soaram e numa aparição epifania resplandecente surgiu o maior dentre todos os deuses, o próprio CARBHONUS seguido de sua comitiva dos grandes deuses e só num olhar de relance compreendeu toda a situação. Um grande fiasco e a imensa decepção foram imediatos, quando um dos grandes deuses falou: 


- Venerado e admirável CARBHONUS, penso tratar-se de um grande equívoco trazer-nos aqui, com todo respeito à tua inquestionável autoridade, não há aqui nada para nos adorar conforme o prometido.


Não era permitido pensar em uma promessa do Grande CARBHONUS não ser cumprida. A majestosa ira do supremo deus já se podia sentir, parecia que o ar havia se eletrificado, cintilavam faíscas e relâmpagos por toda parte.


A voz do trovão: - deusa GHAIA apresenta-te bem próximo de mim! - GHAIA: Sim, senhor dos deuses.


- CARBHONUS: Recebi tua mensagem e dizia-me que esse planeta estava pronto, confiei-te a missão de dares vida a esse lugar. Bilhões de anos se passaram e é isto que me apresentas diante de meus convidados, aos quais eu prometi inclusive humanos para adorarem-nos, ou por acaso essa Terra seca, esturricada e poeirenta poderá fazer o mesmo?


Os grandes deuses riram-se entre si da ironia.


- GHAIA: Não compreendo magnífico CARBHONUS...... balbuciou e os olhos já se enchiam de lágrimas—.. essa visita....... mandei-te uma mensagem....... a condição do tempo...- Não conseguia ordenar o pensamento, nem o raciocínio.


- CARBHONUS: Envergonhas-me diante de meus convidados não cumprir com minha promessa, fostes causadora dessa imensa decepção, isto é imperdoável. Estais banida da equipe de minha confiança, trabalharás em missões secundárias, não és digna de compartilhares comigo do prazer de estar entre os grandes deuses. Assim era o julgamento do grande CARBHONUS, sentença e cumprimento da pena,

de forma imediata e direta, ou seja, sumária! 


- CARBHONUS: Estais substituída pela deusa HERA e voltando-se para os grandes deuses, falou como se nada tivesse acontecido: Vamos a outro sistema solar, temos um proto-planeta pronto. Apenas transfiro o lugar para manter a minha promessa a vocês.


- FAUNOS mantinha-se impassível, mesma a severa punição a deusa GHAIA, não o comovia ao menor arrependimento ou a um sentimento de complacência por parte dele. Assim como surgiu a aparição mágica do Grande CARBHONUS, dessa mesma forma desapareceu, deixando a deusa GHAÏA desolada e num pranto inconsolável. Entretanto, um personagem que sabia da verdade e que no momento estava ausente voltou e soube do que havia se passado, era o deus VENTO SOLAR que mantinha contato com a atmosfera terrestre de todos os planetas e através do Semideus Oxigénio, do Semideus Nitrogénio e de outros gases obteve a confissão dos mesmos de que o deus FAUNOS havia modificado a composição da mensagem e como já havia se passado bilhões de anos, o fato quase que caiu no esquecimento, o certo é que a justiça tarda, mas não falha e um pequeno detalhe trouxe de volta à tona toda a estória passada, quando o próprio e grandioso CARBHONUS chamou o deus VENTO SOLAR e disse-lhe:


- CARBHONUS: Quero que sopres sobre o Planeta MADEIRA, onde haverá uma festividade de 1.000.000.000 (HUM BILHÃO) de anos da existência dos seres daquele lugar, por isso desejo que o teu poder ígneo faça com que as auroras boreais e setentrionais sejam espetaculares para comemorar o desenvolvimento da raça Madeiriana, não espero que aconteça como em outro lugar, que houve pouca luminosidade, referia-se recentemente quando da inauguração de uma galáxia e o deus BURACO NEGRO engoliu toda a luz presente.

O deus VENTO SOLAR que pensou tratar-se do Planeta Madeira justificou-se assim:


- VENTO SOLAR: Soberano CARBHONUS: Eu estava ausente naquele momento, mas deixei a atmosfera terrestre suficientemente carregada de partículas para a tua entrada triunfal, o problema é que FAUNOS modificava a condição do tempo com tamanha violência, que logo consumiu a carga eletrostática que deixei, bem como impediu que a vida ali se estabelecesse e que houvesse aquela imensa decepção diante dos grandes deuses.


- CARBHONUS: Estais dizendo-me que FAUNOS provocou minha ira contra a deusa GHAIA, fez com que eu a punisse e ainda traiu-me com uma mentira modificando a mensagem dela? Lembrava-se com perfeição do episódio.


- VENTO SOLAR: Exatamente.


- CARBHONUS: Preparem minha carruagem de íons agora! Vociferou o senhor dos deuses.


Num instante seguinte, o céu da Terra já se abria flamante e luminoso à entrada do todo poderoso, que ao tocar das trombetas já estava sentado em seu trono e ordenava que viessem à sua presença a deusa GHAIA e o deus FAUNOS. A chegada dos dois foi acompanhada pela comitiva dos grandes deuses e fez-se um silêncio mortal, a tensão aumentava ainda mais pelo olhar penetrante do magnífico CARBHONUS, que mantinha os olhos fixamente em direção a ela, que não dizia nada e pensava: "Será que haverá mais castigo para mim?".


FAUNOS de nada desconfiava e estava tranquilo, os demais deuses que trabalhavam na Terra mantinham-se em silêncio absoluto.

Mas alguma coisa de muito grave estava para acontecer.


- CARBHONUS assim falou: GHAIA estais perdoada pelo ocorrido aqui tempos atrás e de agora em diante

trabalharás diretamente comigo em ARAXÁ! 


Um belíssimo sorriso surgiu iluminando o rosto da deusa GHAIA. "Quanto a ti FAUNOS permanecerás aqui nesse planeta eternamente, não mais como único, mas em centenas, milhares, milhões de sementes de árvores extremamente formosas e de colorido exuberante com 04 cores diferentes, ou seja: Branca, Amarela, Roxa e Vermelha!". Ele não chegou a compreender o que disse o senhor dos deuses, pois o próprio CARBHONUS arremessou sua lança de fogo divino e acertou em cheio no peito de FAUNOS, partindo-o em incontáveis pedaços, tal qual dissera CARBHONUS, cada pedaço se tornará uma semente que germinará uma árvore de Ipê e que receberá um nome diferente,

bem como terá cores diferentes também.


Acrescentando em seguida:

- CARBHONUS falou para os presentes: Não o matei porque ele é um deus, e como tal é imortal, entretanto, viverás como pedras preciosas e semipreciosas, este é o teu castigo eterno por mentires e traíres a minha confiança. Preparem-se para partir! Logo no coração da deusa GHAIA explodiu num sentimento muito guardado e muito esperado, com a sua partida para ARAXÁ, ficaria mais próxima do seu amado, o deus VENTO SOLAR, cujo amor ela mantinha em segredo para todo mundo, menos é claro para o grandioso CARBHONUS, que tudo sabia e disse-lhe: 


- CARBHONUS: GHAIA terás tempo suficiente para te dedicares ao amor e é muito provável que tenhas filhos, o que aprovo, principalmente porque VENTO SOLAR é íntegro e tem um belo futuro pela frente.


Todos os deuses que acompanhavam a grande comitiva do todo poderoso CARBHONUS perceberam o sorriso confiante do deus VENTO SOLAR em receber tal desígnio divino, pois embora não demonstrasse uma reciprocidade pelo sentimento da deusa GHAIA, não era preciso muito esforço para perceber que o mesmo expressava um brilho no olhar muito especial, para a belíssima deusa que passava a ser

sua companheira por determinação do deus dos deuses.


Assim se deu "O Nascimento dos Ipês", que hoje em dia encontramos espalhados por toda a América Latina, especialmente na

Cidade de Brasília, Capital do Brasil.


FIM


Obs: Esta obra é produto mitológico da imaginação artístico-literário do autor e não tem valor histórico.